De mostrar-me nos versos tenho medo,
E de expor-me tão nua à poesia.
Vivo a esconder meu sonho e no segredo
Guardo a verdade e oculto a fantasia.
Manter fechado o coração bem cedo
Aprendi. Do amor, que o peito extasia,
Ficaram a lembrança e o gosto azedo,
Encobertos num véu de hipocrisia.
É meu desejo ao verso resistir,
Na solidão buscar acolhimento,
Quando à lembrança vem o amor desfeito.
Porém, se um verso da emoção surgir,
Esqueço o medo e me abro num lamento,
Expondo ao tempo a magoa do meu peito.